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Palestra com Filósofo Pondé em Leme abordou mudanças comportamentais e novos desafios

Data: 27/12/2017

No dia 19 de dezembro, Luiz Felipe Pondé – Filósofo, escritor e colunista semanal da Folha de S.Paulo – ministrou a palestra “Desafios da Mudança” para o público lemense. O evento foi uma realização da Acil, e encerrou a programação de Eventos de 2017 da Associação, mais de 450 pessoas participaram e lotaram o auditório montado especialmente para a ocasião no Espaço Jardins.

Pondé abordou mudanças comportamentais na sociedade, como as que podem ser observadas nas Redes Sociais que trazem tanto pontos positivos quanto negativos para o nosso cotidiano. Outro ponto destacado pelo filósofo foi a dificuldade que temos em lidar com mudanças ou até entende-las e torna-las oportunidades para nos fortalecer.

Pondé

Pondé nasceu em Recife, no estado de Pernambuco. Inicialmente cursou medicina na Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia, mas não concluiu o curso.

Mais tarde também cursou filosofia na Universidade de São Paulo tendo feito doutorado pela mesma instituição com suporte financeiro e mestrado pela Universidade de Paris. Realizou pós-doutorado da Universidade de Tel Aviv.

Atualmente, é Vice-Diretor e Coordenador de Curso da Faculdade de Comunicação da FAAP; professor de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e de Filosofia na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Escreve semanalmente no jornal Folha de S.Paulo.

Anteriormente Pondé cedeu uma entrevista para a Revista Bons Negócios da Acil, confira abaixo:

1-  Em uma sociedade que muda constantemente, acabamos nos adoecendo mais e não tendo tempo para nós mesmos, esse é um dos desafios dessa era de mudanças?

Sem dúvida. A tendência é ficarmos mais egoístas, como já atestam os índices de baixa natalidade. O egoísmo é a "grande revolução moral moderna".  Os livros e palestras de autoajuda dirão o contrário, mas mentem. A vida afetiva se atrofia. Não há solução dada às condições materiais do mundo contemporâneo, mas tomar consciência disso funciona, pelo menos, como um início de diagnóstico.

 

2- Com toda essa tecnologia, a forma de se relacionar ficou mais complexa ou enfraqueceu?

Mais complexa, disponível para relações mais rápidas e light. Ficamos muito ocupados com "projetos de relações", como centenas de start ups que quebram.

 

3 – As redes sociais podem ser vistas como as grandes vilãs da atualidade?

Não creio. A busca da felicidade como realização do desejo acima de tudo é mais vilã. As redes sociais são ferramentas, e sendo assim, criam ambientes que propiciam o aumento de tendências, fazendo-se elas mesmas uma tendência, daí parecem as vilãs.

 

4 – Isso influencia nas relações do trabalho e nos resultados profissionais? O senhor concorda que comprometimento é algo cada vez mais raro atualmente?

Narcisistas não se comprometem. E vivemos numa cultura do narcisismo como contrato social.

 

5 – Muito se fala em crise, quando o assunto é a dificuldade financeira que as empresas vêm enfrentando, mas será que essa falta de resultados não pode ser reflexo do medo de mudanças, do medo de encarar o novo?

Medo de encarar o novo é normal, ainda mais quando se fala tanto que se deve encarar o novo ou você perder o emprego ou quebra. A crise brasileira atual tem causa próxima: uma gestão desastrosa do governo. Pelo contrário, acho que estamos nos virando bem. Mas, as coisas têm mudado muito no âmbito das tecnologias da comunicação. Há uma pressão grande para as pessoas se sentirem obsoletas. Não há como não sofrer, por isso altos índices de ansiolíticos entre os jovens. Acho melhor pararmos de dizer para as pessoas que elas não devem ter medo do "novo" e tratá-las como adultas que sabem que há riscos num mundo cada vez mais competitivo, violento e instável como o nosso.

 

6 – Ainda falando em crise, estamos vivendo uma crise social e política, o que podemos fazer para melhorar esse quadro?

Ninguém sabe ao certo. Melhorar a economia para que existam mais oportunidades de trabalho. Parar de esperar por uma política santa, mas buscar uma política competente, nas escolas, ensinar português, matemática, etc, ao invés de torturar as crianças com teorias de que elas devem salvar o mundo. Frequentar mais a casa da avó. Apostar em vínculos afetivos que não egoístas.

 

7 – Inovação é a uma das palavras mais citadas em palestras, ela é a chave para resultados cada vez melhores?

Ela é um fato. Como "chave" é um clichê, fetiche e um mercado de palestras cuja commodity é o futuro. Em tecnologia ela é uma realidade. Causará grandes avanços, ganhos e desastres sociais também. Garantirá melhores resultados econômicos, mas devemos estar preparados para os danos sociais colaterais. O humano não "inova" como iPhones.

 

8 – Considerando, que esta edição é especial para o final deste ano, o que podemos levar de aprendizado para os próximos anos?

Que com economia não se brinca, que política não deve querer "salvar o mundo" mas cuidar para que o Estado não nos atrapalhe demais. Que se pode ser rico e ser preso. Que o poder judiciário pode ser competente mas é humano demasiado humano. Que a economia pode ser maior do que a política. Que cuidar da vida é sempre essencial para além dos políticos. Que as mídias sociais podem decidir eleições (Trump).

 

9 - Vamos finalizar com o nome de nossa revista, para o senhor o que é um Bom Negócio?

Na minha área, investir na verdade.





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